A sala das Sessões,
inaugurada em 1903, foi projectada pelo arquitecto
Ventura Terra depois de um violento incêndio
em 1895 ter destruído a primeira sala da Câmara dos
Deputados, desenhada pelo arquitecto Possidónio
da Silva.
A sala foi construída no local de um dos quatro claustros conventuais,
ocupando ainda uma capela que lhe ficava anexa.
De
planta semicircular e disposição em anfiteatro,
pelo que tem a designação de hemiciclo,
tem carteiras de madeira de nogueira trabalhada ao estilo
inglês, ordenadas por tribunas simples, onde se
sentam os deputados de acordo com os ideais da Revolução
Francesa, voltados para a tribuna presidencial.
A iluminação
zenital da sala é feita por uma clarabóia de estrutura
em ferro e vidro, denunciando, tal como na sala dos Passos Perdidos,
as influências parisienses vanguardistas dos arquitectos-engenheiros,
amenizadas aqui, nestes espaços de São Bento, pelo neoclassicismo
lisboeta de Miguel Ventura Terra (em contraste com o arrojado modernismo
portuense de José Marques da Silva).
A decorar a sala,
por detrás da tribuna da presidência, está uma
estátua de corpo inteiro representando a República,
com uma esfera armilar nas mãos, da autoria do escultor Anjos
Teixeira, datada de 1916.
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Mais acima,
destaca-se uma grande luneta pintada por Veloso
Salgado, representando as Cortes Constituintes de 1821 - que elaboraram
a Constituição de 1822, a primeira da história
constitucional portuguesa - reunidas na biblioteca do Palácio
das Necessidades em Lisboa, onde tiveram lugar. Esta temática
foi a eleita para o propósito, após a avaliação
das duas propostas apresentadas pelo pintor no concurso de 1923 (a
outra, em esboço, no Gabinete do Presidente), tendo sido cuidadosamente
estudada nos numerosos esbocetos de composição e retrato,
expostos à entrada da Sala do Senado. No centro da composição,
disposta em torno da mesa da presidência (na qual está
o arcebispo da Bahia, D. Frei Vicente da Soledade), destaca-se a figura
do orador, Manuel
Fernandes Tomás, considerado um dos maiores mentores da
revolução liberal de 1820.
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Esta grande tela
semicircular é rodeada pelos escudos, pintados por Benvindo
Ceia, dos distritos e das antigas províncias ultramarinas,
evocativos das circunscrições por onde os deputados
eram eleitos.
As três
pinturas do tecto, distribuídas em torno da grande clarabóia,
foram executadas por Alves
Cardoso e representam alegorias à Ciência, às
Artes e à Indústria; à Pátria, à
Paz e à Fortuna; ao Comércio e à Agricultura.
Tal como a composição da luneta, estas foram executadas
após a realização de estudos preparatórios,
levados a concurso em 1923, expostos nos corredores de acesso ao Gabinete
do Presidente da Assembleia da República.
Por cima de cada
tribuna estão grupos escultóricos femininos, sendo os
laterais (sobre as tribunas destinadas ao Corpo Diplomático
e às Altas Individualidades), da autoria de Teixeira
Lopes e de Moreira
Rato.
Na parede da galeria central do último piso, destaca-se um
relógio monumental de pedra, com máquina electromecânica
com sistema de controlo de quartzo dos fabricantes alemães
Bürk e Kienzle, datável de 1990.
As galerias do
primeiro piso, destinadas ao público, são pontuadas
por 6 estátuas de gesso, identificadas pelas inscrições
nos respectivos plintos como a Constituição
, de Simões
de Almeida (sobrinho), a Diplomacia,
da autoria de Maximiano
Alves,
a Lei,
realizada por Francisco
Santos, a Jurisprudência
e a Justiça,
ambas concebidas por Costa
Motta (sobrinho) e a Eloquência,
moldada por Júlio Vaz Junior, símbolos alegóricos
ligados à arte de legislar.