O
Palácio de São Bento tem as suas origens no primeiro
mosteiro beneditino edificado em Lisboa, remontando a sua construção
ao ano de 1598. Posteriores alterações significativas
na sua localização original foram efectuadas por necessidade
de mais espaço para albergar uma comunidade religiosa em crescimento,
assim como por motivos de salubridade e desejo de maior proximidade
com o núcleo urbano e seus fiéis.
Terá sido
em 1615 que a Ordem escolheu o local definitivo para a instalação
da irmandade dos monges de hábito negro, numa quinta adquirida
a Antão Martines, onde se encontrava a Casa de Saúde
para acolhimento dos pestíferos vitimados pelo surto de 1569.
O novo mosteiro
de São Bento da Saúde, ou dos Negros, foi, com efeito,
aí construído segundo projecto inicial de Baltasar
Álvares, continuado, após a morte deste, pelos frades
Pedro Quaresma e João
Turriano, satisfazendo agora as necessidades das novas práticas
do culto religioso resultantes da reforma beneditina e do Concílio
de Trento.
O edifício,
mais complexo, auto-suficiente e extenso que o primeiro em termos
estruturais e espaciais, assentava numa planta quadrada com quatro
claustros, uma igreja com capelas laterais, ladeada por duas torres,
dormitórios, barbearia, cozinha, refeitório, adegas,
lagar, forno e oficinas.
Ainda não
haviam sido terminadas as obras quando o convento sofreu alguns danos
com o terramoto de 1755. Porém, foi com a Revolução
Liberal de 1820 e a extinção das ordens religiosas em
1834 que a vida conventual sofreu a grande derrocada, sendo o edifício
afecto à instalação do Palácio das Cortes,
ou Parlamento.
Foi, então,
entregue ao arquitecto Possidónio
da Silva a responsabilidade de uma abreviada adaptação
do espaço religioso às necessidades do novo propósito
laico político, sendo aproveitada a Sala do Capítulo
para instalação da Câmara dos Pares e feita de
raiz a Câmara dos Deputados.
Só em
1867 o arquitecto Jean
François Colson projectou a verdadeira reformulação
da primeira sala, tornando-a mais funcional e digna da nova utilização.
Com o incêndio
de 1895 revelou-se urgente a reconstrução, tendo, para
tal, sido aberto concurso que seleccionou o projecto de Miguel
Ventura Terra que, caracterizado por uma estética neoclássica,
este acabaria por remodelar não apenas a sala, quase todo o
edifício, conferindo-lhe uma dimensão monumental, bem
distante do discreto estilo-chão conventual, como convinha
à importância do órgão parlamentar aí
instalado.
|
A partir dos
anos 20, a direcção das obras foi entregue ao arquitecto
Adolfo Marques da Silva que concebeu algumas alterações
ao projecto inicial não apenas dos pormenores finais das fachadas,
mas também em detalhes no acabamento dos interiores e, essencialmente,
ao nível de todo o programa decorativo.
Durante os longos 50 anos em que decorreram as obras, foram criadas
a antecâmara dos Deputados, a Sala dos Passos Perdidos, a Escadaria
Nobre, a Biblioteca Parlamentar e o Salão Nobre, sendo as últimas
já concebidas e efectuadas nos anos 40 do século XX,
dentro de uma nova concepção estética e utilitária
característica do Estado Novo.