PEÇA DO MÊS | VIOLA CAMPANIÇA
Cordofone tradicional português próprio do Baixo Alentejo, composto por corpo (caixa-de-ressonância), braço (escala), cabeça (cravelhal) e cordas. O corpo tem dois bojos, cintura muito pronunciada, tampo harmónico guarnecido com motivos palminérveos no bojo inferior e por motivo lacrimal no bojo superior, cavalete prendendo dez cordas e rematado por bolotas nas extremidades, boca (abertura sonora) circular ornada com roseta formada por sequência de triângulos e dois trastes paralelos embutidos entre a boca e o braço; o braço é reto, percorrido por dez trastes paralelos embutidos e separado da cabeça por pestana; a cabeça é retro inclinada, recortada e tem cinco cravelhas de cada lado, que regulam as cinco ordens de cordas duplas.
Sendo a viola portuguesa de maiores dimensões, a campaniça parece ter evoluído da "Vihuela de Mano" medieval; como esta, ainda conserva doze afinadores mas já só lhe restam dez cordas, o que parece indiciar a original existência de mais duas. É utilizada num contexto popular alentejano, acompanhando os cantares de improviso, ou à desgarrada, em festas e feiras. É um instrumento musical de valor histórico e etnológico que constitui exemplo de uma cultura material com íntima ligação à cultura imaterial.
Esta viola campaniça foi oferecida à Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção Esteves, na XII Legislatura, por ocasião da atuação do Grupo de Violas Campaniças das Escolas de Castro Verde no Claustro do Palácio de São Bento, em 22 de maio de 2013.
Imagem: Viola campaniça, c. 2010-2013, 93 x 30,8 x 9,7 cm, madeira e metal, n.º inv. MAR 5246.