A
sala do Senado resulta da reformulação da Sala do Capítulo
do convento beneditino, segundo projecto do arquitecto Jean
François Colson, e foi inaugurada em 1867 para acolher
a Câmara dos Pares.
De planta semicircular e disposição em hemiciclo, a
sala organiza-se com tribunas simples em cada extremo e uma reservada
em posição central, duas ordens de camarotes que se
sucedem em grupos de 15 com duas varandas superiores de metal forjado,
e separadas por uma série de 22 colunas em mármore,
de capitel compósito com o escudo nacional e as quinas.
O pavimento é em parquet de madeira de carvalho com embutidos
de pau-cetim.
O tecto, revestido de estuque, foi pintado a grisaille, em tromp l'oeil,
simulando cartelas em baixos-relevos com motivos geométricos
e figurativos, da autoria do pintor-decorador E. Cotrim, responsável
também por decorações semelhantes no Palácio
da Ajuda.
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Uma clarabóia
em vidro fosco proporciona iluminação zenital natural
a todo o espaço.
Junto às galerias, ao longo do anfiteatro, dispõem-se
oito bustos em mármore representando os Pares ilustres: Duque
de Palmela, da autoria de Araújo
Cerqueira (1851); D.
Guilherme e Duque
da Terceira, ambos da autoria de Manuel
Bordalo Pinheiro; Conde
do Lavradio, da autoria de Miguel Santos, (1891); Duque
de Loulé, da autoria de Anatole
Calmels (1876); Duque
de Saldanha, da autoria de Alberto
Nunes (1877); Duque
de Ávila e Bolama e Fontes
Pereira de Melo, ambos da autoria de Simões
de Almeida (sobrinho) (1881 e 1887, respectivamente).
O mobiliário
presidencial, bem como o púlpito do orador e as portas, de
autoria do entalhador Leandro
Braga, trabalhados em madeira de castanho, apresentam uma sobriedade
das linhas, depuração decorativa e acentuados valores
de simetria, característicos da época, ajustando-se
de forma perfeita à austeridade das sessões que decorrem
na sala.
A frente da mesa
da presidência está decorada com dois medalhões
em bronze embutidos, da autoria de Anatole
Calmels, com os bustos, em baixo-relevo, do Duque
de Palmela e do Cardeal Patriarca de Lisboa, D.
Guilherme, presidentes da Câmara dos Pares, respectivamente
em 1834 e 1846.
Sobre a mesa, em cada extremo, estão dois candeeiros de bronze
com representações femininas, em estilo Arte Nova.
O cadeirão é estofado em capitonné e encimado
por duas figuras que seguram livros e flanqueiam um medalhão
com as quinas e um castelo do escudo português, apoiado num
púlpito com a inscrição latina in legibus salus
(a salvação está na lei).
Em frente à
Mesa da Presidência encontra-se um relógio desenhado
por Anatole
Calmels.
Deste mesmo autor são as cabeceiras das 2 portas, esculpidas
em mármore branco de Carrara com os bustos dos primeiros reis
constitucionais, D.
Pedro IV e D.
Maria II.
Um retrato,
pintado por José
Rodrigues em 1866, representando o rei D.
Luís, monarca contemporâneo da inauguração
da Câmara dos Pares, foi colocado na parede por detrás
da actual tribuna da presidência.
Nesta sala decorreram as reuniões da primeira câmara
(também chamada câmara alta) nas ocasiões em que
a nossa lei fundamental instituiu um sistema bicameralista, o que
aconteceu com a Carta Constitucional (Câmara dos Pares), com
a Constituição de 1838 (Câmara de Senadores) e
com a Constituição de 1911, a primeira da República
(Senado). Durante o Estado Novo teve aqui assento a Câmara Corporativa.
Após a
revolução de 25 de Abril de 1974 e consagrando a Constituição
de 1976 um sistema monocameral, a sala tem tido utilização
diversa, acolhendo nomeadamente, reuniões de grupos parlamentares
e de comissões parlamentares, conferências e seminários.