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Pormenor de pintura mural da Sala Lisboa  Sala Lisboa
Aspecto da Sala Lisboa

A sala Lisboa é também chamada de Sala Lino António, nome do autor das pinturas a óleo sobre tela que a decoram. Executadas entre 1922 e 1929, elas formam uma espécie de friso historiado, com cerca de meio metro de altura abaixo do tecto, decorando as quatro paredes com ilustrações alusivas a quatro épocas da História de Portugal e seus quatro principais mentores: na parede em frente à porta foi representada uma batalha onde se confrontam as hordas portuguesas, encabeçadas pelo rei, e as hordas mouras, saindo de um castelo; na parede oposta foi representado o Marquês de Pombal segurando os projectos da reconstrução de Lisboa, tendo, à direita, cenas de produção de vidro e tecelagem, e, à esquerda, uma cena de vindima; na parede da direita pode ver-se um outro rei medieval, segurando um livro, acompanhado por um serviçal e um galgo, vendo-se, à direita, a representação de uma aula leccionada por um professor na cátedra, e, à esquerda, uma cena agrícola; na parede da esquerda foi pintado o Infante D. Henrique com um mapa cartográfico (ou carta de marear), com a representação de um episódio de colocação de um padrão dos Descobrimentos e, à direita, a recepção de portugueses por um rei nativo.

À falta de conhecimento do conteúdo programático da encomenda ou proposta do pintor, a identificação das pinturas tem suscitado diversas interpretações, sendo, porém, consensual o reconhecimento iconográfico das figuras do Infante D. Henrique e do Marquês de Pombal.

A nossa proposta de leitura identifica da seguinte forma as quatro pinturas:

Pintura mural representando a Batalha de São Mamede

. parede em frente à porta
Conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques (1147), assinado por Lino António e datado de 1922 - até agora interpretada como a Batalha de São Mamede (realizada em 1128 entre D. Afonso Henriques e partidários de sua mãe, D. Teresa). Parece-nos que o castelo representado pode ser o de Lisboa e que as hordas que dele saem poderão ser mouras, pelos seus trajos brancos com turbante;

. parede à direita
D. Dinis, assinado por Lino António e datado de 1923 - até agora identificada como uma alegoria à Agricultura e às Cortes da Nação. Porém, a figura central, coroada, poderá ser identificada com o rei D. Dinis, o livro que segura pode simbolizar a poesia que escreveu, o edifício escolar à direita poderá aludir à sua criação da primeira Universidade portuguesa, também chamada de Estudo Geral, no ano de 1290, em Lisboa, e a cena agrícola à esquerda poderá reflectir a sua promoção da agricultura, que lhe valeu o cognome de "o Lavrador";

Aspecto da Sala Lisboa

. parede à esquerda
O Infante D. Henrique e os Descobrimentos Portugueses, assinada por Lino António e datada de 1925 - no eixo central da composição está a figura do Infante D. Henrique, propulsor dos Descobrimentos, em frente a uma caravela que partiu do cais de Lisboa, surgindo, à esquerda, as terras de Vera Cruz (alusão ao descobrimento do Brasil, em 1500, identificado pelos índios nativos) onde Pedro Álvares Cabral coloca o padrão, e, à direita, a cena da recepção de Vasco da Gama pelo Rei de Calecute (alusão ao descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia, em 1498);

. parede da porta
O Marquês de Pombal e suas Obras, assinado por Lino António e datado de 1924 - estão representadas as três principais obras deste ministro do rei D. José: os projectos para a reconstrução da cidade de Lisboa - após o terramoto de 1755 - a plantação das vinhas do Alto Douro e a produção do vinho do Porto (representada pela cena de vindima à esquerda), e as Criações da indústria vidreira e da Fábrica de Tapeçarias de Tavira (representadas à direita).
Com esta proposta de identificação, o conjunto das pinturas adquire um sentido global, estabelecendo-se um diálogo de épocas históricas entre a reconquista cristã de Lisboa, a criação da Universidade em Lisboa, os Descobrimentos feitos a partir do cais de Lisboa e a reconstrução da mesma cidade. Assim poderá ser explicada a denominação do espaço como Sala Lisboa.

Relógio da lareira da Sala Lisboa

Na chaminé da lareira encontra-se incrustado um relógio de mármore, decorado com as quinas do escudo nacional, com mostrador incorporado e máquina francesa, fabricado nos anos 40 do século XX.
A sala, que durante o Estado Novo foi o gabinete de trabalho do Presidente da Assembleia Nacional, é actualmente usada como sala de reuniões e para conferências de imprensa.


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