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Assembleia da República
Newsletter 03@1-XI
08 de janeiro de 2010
Mais informações em : http://www.parlamento.pt
Lançamento do livro "Candidatos da oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo 1945-1973: Um Dicionário"
Realizou-se no dia 17 de Dezembro, na Sala de Leitura da  Biblioteca da Assembleia da República, o  lançamento do livro "Candidatos da oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo 1945-1973: Um Dicionário", da autoria do Dr. Mário Matos Lemos, com coordenação do Prof. Doutor Luis Reis Torgal, editado em parceria com a Texto Editores, na Colecção Parlamento.
 

Resumo da obra
Durante quase quatro décadas, entre 1945 e 1973, de quatro em quatro anos, como previa a Constituição de 1932, os oposicionistas ao Estado Novo puderam aproveitar os períodos de eleições legislativas para exprimir os seus pontos de vista, embora com limitações decorrentes das dificuldades burocráticas e políticas que lhes eram levantadas, inclusivamente através da acção da censura e da polícia. A estes períodos eleitorais legislativos, devem acrescentar-se os correspondentes às campanhas presidenciais de 1949 (Norton de Matos vs. Carmona), 1951 (Ruy Luís Gomes e Quintão Meireles vs. Craveiro Lopes) e 1958 (Arlindo Vicente e Humberto Delgado vs. Américo Thomaz), todas elas importantes no despertar de consciências para a situação política portuguesa, particularmente a última. Todavia, não é das eleições presidenciais que este trabalho se ocupa e só se lhe faz referência porque a mobilização das oposições nessas campanhas presidenciais impulsionou os movimentos de que viriam a sair as candidaturas a deputados.

Até 1945, realizaram-se três eleições para a Assembleia Nacional - em 1934, 1938 e 1942 -, sem que houvesse condições para que surgissem candidatos oposicionistas aos propostos pela União Nacional. Quebrando a regra dos 4 anos, foram antecipadas um ano as eleições legislativas que deviam realizar-se em 1946. Terminara, em 1945, a II Guerra Mundial com o triunfo das democracias e era necessário afastar quaisquer dúvidas que os vencedores pudessem ter quanto ao carácter “democrático” do regime, pelo menos no sentido de falta de concorrência eleitoral. Gerou-se a convicção de que as potências vencedoras se oporiam à continuidade do regime e Salazar promete eleições livres, dando esperanças aos oposicionistas que supunham ter chegado a oportunidade de conseguir pela via legal a mudança política que pretendiam.

Não se julgue, porém, que todas as listas que surgiram ao longo desses anos pretendiam a alteração do regime. Se assim sucedeu na maioria dos casos, houve candidatos que se opuseram à União Nacional por meras circunstâncias locais e alguns acabaram mesmo por concorrer nas listas da União Nacional. Houve listas nacionalistas, republicanas e monárquicas, apareceram candidatos católicos que como tal se apresentavam e a própria oposição democrática não conseguiu unir-se, o que foi bem visível em 1969, já com Marcello Caetano no poder. Considerando que caíra num embuste em 1969, a oposição ao regime tomou novas formas de luta, frequentemente mais violentas. Realizaram-se as últimas eleições em 1973. Faltavam menos de seis meses para que o 25 de Abril viesse abrir o caminho para a democratização da vida política portuguesa.


Luís Reis Torgal
Coordenador científico deste livro, é professor catedrático aposentado de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo pertencido ao Instituto de História e Teoria das Ideias. É coordenador de investigação do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20). Foi director da Revista de História das Ideias e da revista Estudos do Século XX. Leccionou disciplinas de História Moderna e Contemporânea e de Teoria da História na Universidade de Coimbra, e ensinou também em outras universidades. Dedicou-se, como investigador, a vários temas, tendo orientado e continuando a orientar várias teses de mestrado e de doutoramento e tendo publicado livros e artigos, alguns deles sobre o Estado Novo. Entre os estudos sobre este tema, podem citar-se História e Ideologia (1989), A Universidade e o Estado Novo (1999), a obra que coordenou e de que foi co-autor O cinema sob o olhar de Salazar (2000) e muito recentemente Estados Novos, Estado Novo (2009).


Mário Matos e Lemos

N
asceu em Lisboa a 1 Junho de 1933 e é licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa. Foi jornalista e trabalhou em vários meios de comunicação social de Lisboa e do Porto, sendo depois contratado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros como Conselheiro de Imprensa, funções que desempenhou sucessivamente em Roma, Moscovo e Madrid. Entre 1985 e 1998 foi Director do Centro Cultural Português de Bissau. É investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), de Coimbra. Para além de conferências e numerosos artigos em jornais e revistas, publicou ultimamente Dicionário de História Universal (Mem Martins, Inquérito, 2001), Jornais Diários Portugueses do Século XX – Um Dicionário (Ariadne, Coimbra, 2006) e José de Mello, o Primeiro Fotógrafo de Guerra Português (Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2009).

17-12-2009
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