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MIRA, M. Ferreira de – Valor alimentar e terapêutico do azeite. Lisboa : Junta Nacional do Azeite, 1939. 24 p. Cota: 316/39
O azeite, produto alimentar extraído da azeitona, é um alimento que faz parte da dieta mediterrânica e, para além dos benefícios para a saúde, confere sabor e um aroma peculiar aos alimentos. A origem do azeite, intrinsecamente ligada à oliveira, remonta há mais de 6 mil anos. Na Ásia Menor foram descobertas instalações de produção de azeite e fragmentos de vasos datados da Idade do Bronze. Foram encontrados fósseis de folhas de oliveira na bacia do Mediterrâneo, datados do Paleolítico e do Neolítico. “Quando a Europa nasceu para a História, já a oliveira era conhecida e estimada, tão estimada que a consideraram, na Grécia heroica, como símbolo de paz, de abundância, de glória, de sensatez. Tantas honras conferidas a uma árvore mostram o valor que se tem atribuído aos seus produtos. O azeite correndo como ouro claro em fusão tem sido celebrado com prosa e em verso; e uma simples refeição de pão e azeitonas é muitas vezes suficiente para almoço de um camponês helénico e, não raramente, para o de um aldeão de Portugal”, argumenta o autor desta obra pertencente ao acervo da Biblioteca.
O ouro verde é apresentado pelo autor como alimento superior aos outros óleos, fazendo comparação com o óleo de amendoim, de coco, gergelim e de soja, e com outras gorduras, como a manteiga de vaca. Destaca ainda que o azeite tem ação medicamentosa, devendo empregar-se sempre azeite virgem e, embora já seja pouco usado como medicamento, no século XIX foi amplamente utilizado contra as cólicas hepáticas. Foi amplamente usado “para penso das queimaduras, sob a forma de linimento óleo-calcário, e [no] uso de pomadas, unguentos, emplastros e sabões”.
Matias Boleto Ferreira de Mira (1875-1953). Médico, jornalista, político e escritor.
Nasceu no dia 21 de fevereiro de 1875, em Canha. Concluiu os estudos de Medicina na antiga Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. No seu percurso profissional foi professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, regente do curso de Química Fisiológica e diretor do Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral. Presidiu à Sociedade Portuguesa de Biologia. Foi Membro da Sociedade de Ciências Médicas, da Sociedade de Estudos Pedagógicos, da Societé de Chimie Biologique de Paris e da Association des Physiologistes de Paris. Foi vereador municipal de Lisboa, uma vez por eleição e duas por comissão, e eleito deputado pelo círculo de Santarém nas listas do Partido Liberal, em 1921 e 1922. Como jornalista colaborou com artigos de cariz político e de divulgação no jornal A Luta, com crónicas médicas no Diário de Notícias e com palestras científicas na Seara Nova. Colaborou na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Faleceu a 7 de março de 1953, em Lisboa, deixando uma vasta obra publicada sob a forma de investigação científica de cariz didático, divulgação científica, divulgação científica romanceada e conferências sobre matéria científica.
O exemplar presente na coleção da Biblioteca Passos Manuel, está disponível em formato digital.
A Biblioteca Passos Manuel tem vindo a digitalizar títulos que se encontram em domínio público, quer provenientes da coleção da Biblioteca das Cortes, quer pertencentes a espólios à sua guarda. Os exemplares digitalizados ficam disponíveis em acesso público, universal e gratuito a partir do catálogo bibliográfico, do Registo Nacional de Objetos Digitais e da Europeana. Nesta secção destacam-se alguns desses títulos.