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A 8 de maio de 1945, o fim da Guerra foi assinalado no Parlamento e nas ruas.
No próximo dia 8 de maio, celebram-se 77 anos sobre o fim da II Guerra Mundial na Europa.
A 2 de maio de 1945, o Diário de Lisboa noticiava a morte de Hitler, informando que teria sido vítima de ferimentos em combate1, bem como a assunção da chefia do Estado alemão pelo almirante Doenitz, que se afirmava determinado a prosseguir a luta. A 7 de maio, o mesmo jornal anunciava a rendição incondicional da Alemanha às Nações Unidas.
No dia seguinte, 8 de maio, a segunda tiragem da primeira edição do Diário de Lisboa (teve três) publicava, na primeira página, o discurso proferido por Oliveira Salazar na Assembleia Nacional, reunida em sessão extraordinária, e, na página 5, a intervenção do Presidente da Assembleia Nacional, José Alberto dos Reis, e a referência aos outros intervenientes na sessão.
A sessão na Assembleia Nacional iniciou-se apenas após a chegada de Oliveira Salazar. Segundo o Diário das Sessões, toda a assistência se levantou e recebeu o Presidente do Conselho com uma estrondosa e demorada ovação.
O primeiro a usar da palavra foi o Presidente da Assembleia Nacional, José Alberto dos Reis, que começou por anunciar o fim da guerra na Europa. Agradeceu depois a visão patriótica de Carmona e Salazar que, segundo ele, permitiu que, numa “Europa em chamas”, o país tenha tido os “benefícios da paz; mas de uma paz que não nos diminuiu nem nos envileceu”.
Depois do que é descrito como uma grande e calorosa salva de palmas, deu a palavra ao Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, que informou que, conhecedor das intenções da Câmara, o Governo desejou estar presente nas manifestações da representação nacional pelo fim das hostilidades na Europa. Prosseguiu sendo regularmente interrompido por apartes de apoio (Muito bem!) e palmas, e, de acordo com a transcrição, no final, toda a assistência, de pé, ovacionou, largo tempo, Oliveira Salazar.
O discurso foi transmitido para o exterior da Assembleia Nacional.
De seguida, intervieram vários Deputados sendo que, em todas as intervenções, além de se congratularem pelo fim da guerra, faziam o elogio de Carmona e Salazar.
Mantendo a ambivalência que caracterizou a política externa portuguesa durante a II Guerra Mundial, dois dias após a morte de Adolf Hitler, o Governo enviou as suas condolências ao representante da Alemanha em Portugal e Salazar decretou luto oficial de três dias 2, o que gerou protestos internacionais, celebrando depois, na Assembleia Nacional, a vitória dos aliados.
Fora da Sala das Sessões e um pouco por todo o país, no dia 8 de maio e nos dias que se seguiram, houve manifestações espontâneas nas principais cidades, com milhares de pessoas a saírem à rua para comemorarem o fim da guerra na Europa.
[1] A 3 de maio, o mesmo vespertino publicava um comunicado alemão, segundo o qual o Führer tinha morrido em combate para “salvar o seu povo e a Europa da destruição pelo bolchevismo”. A 7 de maio, dava conta do desmentido do médico alemão, que o seguira depois do atentado à bomba, em julho de 1944, e que desmentia Himmler, dizendo que considerava pouco provável que Hitler tivesse morrido em consequência de uma hemorragia cerebral.
[2] Segundo o Diário de Lisboa, “por motivos da morte de Hitler, continuaram hoje a meia haste as bandeiras da Nunciatura Apostólica, da Embaixada de Espanha, das legações da Alemanha, da Suíça, da Suécia e do Japão, do consulado e de diversas instituições alemães de Lisboa. (…)
Até amanhã, ao meio-dia, estarão a meia haste as bandeiras dos edifícios públicos e dos quartéis.”