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“A liberdade só se instaura pelo exercício da liberdade. É um atentado à inteligência humana pretender-se que de um qualquer despotismo, mesmo que supostamente iluminado ou progressista, poderá um dia desabrochar a liberdade – espontânea e anestesicamente. A liberdade gera a liberdade. A ditadura reproduz a ditadura.
A liberdade é, antes de tudo, tolerância. É por isso que não há na história do mundo exemplo de uma só ditadura tolerante. O poder absoluto corrompe absolutamente. Toda a ditadura é intolerante. Todo o intolerante é um ditador que se ignora. E só a tolerância vivida e praticada frutifica. A simplesmente predicada pela palavra e, negada pelo ato não é tolerância; é a hipocrisia dos candidatos a ditadores.”
Salgado Zenha, 25 de abril de 1977.
SALGADO ZENHA (1923-1993)
Francisco Salgado Zenha nasceu há 100 anos, no dia 2 de maio de 1923.
Advogado, formou-se na Universidade de Coimbra, onde, como dirigente estudantil, começou a sua atividade política oposicionista, durante a qual conheceu, por diversas vezes, a prisão.
Quando estava ainda ligado ao PCP, cofundou o Movimento de Unidade Democrática Juvenil (1946) e participou na candidatura de Norton de Matos à Presidência da República (1949).
Nos anos 50, afastou-se do PCP e aderiu à Oposição de linha socialista. Apoiou a candidatura presidencial de Humberto Delgado (1958) e candidatou-se nas eleições para a Assembleia Nacional de 1965 e 1969.
Enquanto advogado, dedicou-se intensamente à defesa de acusados de crimes políticos.
Membro fundador do PS (1973), distinguiu-se como um dos seus mais notáveis dirigentes no pós-25 de Abril.
Foi Ministro da Justiça nos quatro primeiros Governos Provisórios (1974-1975), Ministro das Finanças no VI Governo Provisório (1975-1976) e Deputado à Assembleia da República (1976-1983), tendo presidido ao Grupo Parlamentar do PS (1976-1982).
Candidatou-se às eleições presidenciais de 1986.