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PATRIMÓNIO


BIBLIOTECA DAS CORTES | "LA CONDITION DE LA FEMME" (1903)

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LETOURNEAU, Charles-Jean-Marie – La condition de la femme: dans les diverses races et civilisations. Paris : V. Giard & E. Brière, 1903. 508 p. Cota: 2/03.

A posição da mulher na sociedade foi-se alterando ao longo dos anos. Lutas contra as persistentes desigualdades de direitos, de tratamento, responsabilidades, oportunidades e conquistas em todos os setores da sociedade tem sido uma constante na vida de cada mulher. Uma luta que visa garantir a igualdade substantiva entre homens e mulheres.

O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, é afirmado através de longas lutas e acontecimentos trágicos. A primeira referência ao 8 de março é de 1857, em Nova Iorque, marcado por mulheres trabalhadoras da indústria têxtil que saíram à rua e fizeram greve, reivindicando melhores condições de trabalho. Mas é com um acontecimento na História mais grave que se estabelece a celebração moderna do Dia Internacional da Mulher: a do incêndio na Triangle Shirtwaist Factory em Nova Iorque, a 25 de março de 1911, que vitimou 146 mulheres, das 500 que lá trabalhavam.

O percurso das mulheres na sociedade tem sido turbulento e, nesta obra de 1903 que se apresenta, o autor, antropólogo francês, mostra a condição da mulher nas diversas raças e civilizações. Percorre todas as condições femininas atravessando o continente africano, Oceânia, a Polinésia, a América Central e do Sul. Fala sobre as mulheres de pele vermelha, chinesas, berberes e semitas. Recorrendo à História, aborda como as mulheres eram vistas e tratadas na Grécia, em Roma e na Europa bárbara e medieval. O autor, no último capítulo, expõe a condição da mulher através dos tempos.

Letourneau, Charles-Jean-Marie (1831-1902) Antropólogo.

Nasceu em Auray, França, em 1831. Doutorou-se em Medicina. Foi presidente e também secretário-geral da Sociedade de Antropologia de Paris. Desempenhou funções como membro na Comissão de Monumentos Megalíticos. Exerceu funções de docente de Sociologia na École d’Antrhropologie. Durante toda a sua carreira profissional publicou numerosa bibliografia, tratando essencialmente os problemas antropo-sociológicos. Para além da obra A condição da mulher nas diversas raças e civilizações, publicada postumamente em 1903, publicou diversas obras, entre as quais, Psicologia étnica e a Guerra nas diversas raças humanas. Faleceu em Paris a 21 de novembro de 1902.

O exemplar presente na coleção da Biblioteca Passos Manuel, está disponível, em cópia digital.

A Biblioteca Passos Manuel tem vindo a digitalizar títulos que se encontram em domínio público, quer provenientes da coleção da Biblioteca das Cortes, quer pertencentes a espólios à sua guarda. Os exemplares digitalizados ficam disponíveis em acesso público, universal e gratuito a partir do catálogo bibliográfico, do Registo Nacional de Objetos Digitais e da Europeana. Nesta secção destacam-se alguns desses títulos.

João Sanches




PEÇA DO MÊS | PINTURA DE ARMANDA PASSOS

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Legenda S/ título, Armanda Passos (1944-2021), n/d, óleo sobre tela, 115 x 80 cm, n.º Inv. MAR 6138.

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de Março) destaca-se um óleo sobre tela (MAR 6138), que não tem título nem data e está assinada pela artista Armanda Passos. Esta obra de arte pertence a uma fase que a autora denominou “Conversas Medievais”, na qual apresenta figuras humanas e a sua relação com a natureza, na maioria mulheres, numa exaltação do feminino, com cores vivas, em constante diálogo entre as figuras representadas. Uma outra característica desta fase é a representação de pequenos animais, aves e/ou insetos, que pretendem demonstrar a evidência dos pensamentos das personagens em diálogo, ou seja, do nosso próprio pensamento.

Armanda Passos não tinha o hábito de dar um título às suas obras, apenas as enquadrava em fases, permitindo total liberdade ao observador na análise do objeto/obra que tem à sua frente. 

Segundo Lúcia Rosas, professora da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, Armanda Passos foi uma mulher que através da sua obra manteve sempre a preocupação de dar voz às mulheres, evidenciando “um rigor metodológico conjugado com a sua capacidade criativa e a sua infinita curiosidade”.

Armanda Passos nasceu em Peso da Régua (1944 – 2021), estudou Artes Plásticas e foi assistente de Ângelo de Sousa na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, cidade onde viveu toda a vida. Presente em diversas exposições individuais e coletivas, não apenas em Portugal, como também em Espanha, Bélgica, Estados Unidos, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Itália, Reino Unido, Turquia, entre outros, a sua vasta obra está representada em diversas coleções públicas e privadas. A título póstumo foi agraciada com a Ordem de Mérito, grau de Comendador, pelo Presidente da República (10/06/2022).

Uma parte significativa dos trabalhos de Armanda Passos pode ser vista no Museu do Douro, em Peso da Régua, resultado de uma doação feita pela artista à sua cidade natal.

Esta obra foi integrada em 07/12/2021 no acervo museológico da Assembleia da República (n.º de inventário MAR 6138), por doação de Fabíola Passos Valença, filha da artista.

Joaquim Soares