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VARNHAGEN, Frederico Luiz Guilherme de – Manual de instrucções praticas sobre a sementeira, cultura e corte dos pinheiros, e conservação da madeira dos mesmos: indicando-se os methodos mais próprios para o clima de Portugal. Lisboa : Typografia da Academia, 1836. 101 p. Cota: NVP-32
A área florestal portuguesa tem vindo a desaparecer gradualmente. Entre outras causas, os incêndios têm sido o principal fator para o desflorestamento em Portugal, deixando a paisagem portuguesa despida e árida. Embora se promovam ações de reflorestamento, não se tem conseguido acompanhar e colmatar a área ardida todos os anos. Cada ano que passa, mais floresta se perde, uma preocupação que não é exclusiva das últimas décadas, pois já no século XIX existia se verificava.
Este exemplar pertencente ao acervo da Biblioteca, em forma de manual, apresenta as preocupações vividas na época e oferece instruções práticas sobre a sementeira, cultura, corte dos pinheiros, conservação da madeira dos mesmos e indica os métodos mais apropriados para o clima português.
O autor argumenta que muito se tem escrito sobre este assunto, mas no geral pouco ou nada se tem feito, o que implica que as futuras gerações irão encontrar poucos bosques e florestas em Portugal. O manto florestal existente em cada país faz parte da riqueza e da economia nacional, desde que «a presente geração se preste de bom grado a aumentar as matas por novas sementeiras; de forma que algum dia se possa exportar, o que agora nos vem de fora: falo em madeira, alcatrão, e breu.» O autor, já nesse ano de 1836, aborda a preocupação da alteração climática devida à destruição das matas, bosques e matos, decorrente das queimadas das charnecas e serras, esterilizando os terrenos e, consequentemente, expondo-os à erosão do sol e secando as fontes de água. Destaca-se ainda, entre muitos outros assuntos sobre a cultura do pinheiro, a possibilidade da utilização da técnica do fogo controlado no pinhal como um meio de evitar que seja incendiado no verão.
Frederico Luiz Guilherme de Varnhagen (1782-1842), engenheiro militar alemão.
Nascido no ano de 1782 em Arolsen (atual Bad Arolsen), distrito de Waldeck-Frankenberg, Alemanha. A convite do governo português, veio para Portugal como diretor das fundições da Foz de Alge, onde se iniciava o fabrico de cutelarias, espingardas e peças de artilharia. Mais tarde, viria a dirigir as fundições de Ipanema, Brasil. Em 1820, regressou a Portugal e, por Portaria de 17 de setembro de 1824, foi nomeado administrador das matas e pinhais do Reino, sendo o primeiro Administrador Geral das Matas da Repartição da Marinha. No exército português chegou ao posto de Tenente-Coronel do Real Corpo de Engenheiros. Foi diretor das minas portuguesas e recebeu o título honorífico de coiteiro-mor do Reino. Enquanto sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa e de outras academias, publicou várias brochuras sobre as matas e pinhais que superintendia. Foi Comendador da Ordem de Cristo.
Morreu em Lisboa no ano de 1842.
O exemplar presente na coleção da Biblioteca Passos Manuel, está disponível em cópia digital.
A Biblioteca Passos Manuel tem vindo a digitalizar títulos que se encontram em domínio público, quer provenientes da coleção da Biblioteca das Cortes, quer pertencentes a espólios à sua guarda. Os exemplares digitalizados ficam disponíveis em acesso público, universal e gratuito a partir do catálogo bibliográfico, do Registo Nacional de Objetos Digitais e da Europeana. Nesta secção destacam-se alguns desses títulos.