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BIBLIOTECA DAS CORTES | PEÇA DO MÊS


BIBLIOTECA DAS CORTES

 

Instaurada a República em 5 de Outubro de 1910, foram eleitos a 28 de maio de 1911 os deputados para a Assembleia Nacional Constituinte, a quem competiria a redação da nova lei fundamental do País, a Constituição da República Portuguesa. À margem deste processo legislativo, que culminou com a aprovação do texto em 18 de agosto de 1911, surgiram alguns contributos individuais, nomeadamente os infra referidos, constantes do acervo da Biblioteca Passos Manuel:

 

BARBOSA, José – Projecto de Constituição. Lisboa : Typografia Bayard, 1911. 16 p. Cota: 255/1900 (5691-5701).

Cota: 255/1900 (5691-701)

 

É de 1911 este projeto de Constituição apresentado por José Barbosa, deputado pelo Círculo Ocidental de Lisboa. Esta edição contém 4 títulos e 60 artigos, versando sobre a nação e os órgãos da sua soberania (Título I), sobre os cidadãos portugueses, garantias e direitos individuais (Título II). Versa ainda sobre as disposições gerais (Título III) e sobre o primeiro Congresso Nacional (Título IV).

 

José Barbosa (1869-1923), deputado pelo Círculo Ocidental de Lisboa.

José Barbosa nasceu em 1869, na Ilha do Fogo, Cabo Verde. Iniciou os seus estudos em Lisboa, mas por razões políticas foi obrigado a abandoná-los e emigrar. Exerceu a profissão de jornalista, o que lhe permitiu fundar, juntamente com outros, o periódico Pátria. Colaborou com o jornal A Luta, sendo ainda correspondente de jornais brasileiros em Paris e em Portugal. Exerceu também os cargos de Vice-Presidente do Conselho Superior da Administração Financeira do Estado e de Presidente do Conselho Superior de Finanças, a partir de 1910. Tornou-se militante do Partido Republicano Português em 1890. Integrou o Centro Democrático de Coimbra em 1891 e foi membro suplente do seu Diretório entre 1909 e 1911. Em 1912, ingressou no Partido Evolucionista.

Desencadeou diversos ataques contra o regime monárquico o que o levou, a partir de 1894, ao exílio em Espanha, França e Brasil. Regressou do exílio em 1908. Teve um papel ativo na preparação do 5 de Outubro e, após a implantação da República, exerceu o cargo de Diretor e Secretário-Geral do Ministério do Interior. Em 1910, na loja de Lisboa O Futuro, foi iniciado maçon, tendo adotado o nome simbólico de Karl Marx. Em 1911, foi eleito deputado pelo Círculo Ocidental de Lisboa, assegurando depois o assento parlamentar em várias legislaturas, voltando novamente a candidatar-se em 1919. Nesse mesmo ano, assumiu-se como presidencialista e integrou a comissão que alterou a Constituição. Ainda no ano de 1919, podemos encontrá-lo nas fileiras do Partido Unionista, tendo mais tarde transitado para o Partido Liberal.

Faleceu a 3 de setembro de 1923, em Lisboa.

 

O presente exemplar pertence à coleção da Biblioteca Passos Manuel e está disponível em cópia digital.



COSTA, José Soares da Cunha e – Projecto de Constituição para a Republica Portugueza oferecido à Assembleia Nacional Constituinte. Lisboa : Illustração Portugueza, 1911. 11 p.

Cota: 120/11

 

Projeto de Constituição apresentado por José Soares da Cunha e Costa, advogado, escritor e jornalista. Nas palavras do autor, este projeto de Constituição procura «apenas organizar um regime que nos conduza, sem grandes solavancos, à fortuna pela liberdade e pela ordem. Estabelece-se suavemente a transição entre o velho e o novo regime e acautela-se a República simultaneamente contra a tirania do Executivo e contra a tirania do Legislativo.»

Este projeto apresenta muitos pontos semelhantes ou iguais ao apresentado no mesmo ano por José Barbosa. O autor divide o texto em 9 títulos e 82 artigos, onde aborda a nação portuguesa, seu governo e território (Título I), a aquisição perda e recuperação da nacionalidade portuguesa (Título II), a soberania nacional e seus órgãos (Título III), poder legislativo (Título IV), poder executivo (Título V), poder judicial (Título VI), administração local (Título VII), declaração dos direitos (Título VIII) e disposições gerais (Título IX). Por fim, apresenta as disposições transitórias com 3 artigos.

 

José Soares da Cunha e Costa (1868-1928), advogado, escritor e jornalista.

José Soares da Cunha e Costa nasceu em Lisboa em 1868. Teve a oportunidade de discursar em público sobre vários temas, o que o tornou um excelente e diversificado orador e conferencista. Como advogado, foi interveniente em alguns dos processos mais célebres da sua época, nomeadamente o crime de Serrazes e o processo do Banco Angola e Metrópole. Foi sócio da Academia de Ciências de Lisboa e, como jornalista, colaborou com O Século e O Mundo. Nos primeiros meses da República, contribuiu para a obra legislativa de Afonso Costa e, em 1911, apresentou à Assembleia Constituinte o presente projeto de constituição. Mais tarde, afastou-se da República e converteu-se à Monarquia, tendo colaborado com os jornais monárquicos da época – A Nação e O Dia.

Faleceu em 30 de junho de 1928.

 

O presente exemplar pertence à coleção da Biblioteca Passos Manuel e está disponível em cópia digital.



MATTA, José Nunes da – Projecto de Constituição por José Nunes da Matta em que o autor aproveitou tudo o que pode do projecto Cunha e Costa e do projecto da Commissão, em subordinação á sua orientação. Lisboa : Livraria Ferin, 1911. 15 p.

Cota: 123/11

 

Neste projeto de Constituição, o autor transpõe grande parte do projeto apresentado por José Soares da Cunha e Costa, mantendo a mesma estrutura e assuntos como: nação portuguesa, soberania e território (Título I), nacionalidade portuguesa (Título II), soberania nacional (Título III), poder legislativo (Título IV), Presidente da República (Título V) e atribuições do poder executivo (Título VI). O projeto apresenta 59 artigos e termina com uma nota do autor: «daqui por diante pode ser seguido o projeto do ilustre jurisconsulto Dr. José Soares da Cunha e Costa, isto é, desde o título VI e artigo 65.º do seu projeto, fazendo-se qualquer alteração que a harmonia do conjunto exija.»

 

José Nunes da Matta (1849-1945), vice-almirante, professor e deputado.

Nasceu a 2 de janeiro de 1849 na Sertã. Depois de concluir os estudos preparatórios no Liceu de Coimbra, entrou para a Marinha em 1878. Aí serviu durante três anos em Cabo Verde e Angola. No ano de 1893, regressou a Portugal com a patente de 2.º tenente. Na Marinha, deu um contributo importante com a criação e estruturação das Tábuas Náuticas portuguesas. Regressa à Escola Naval, instituição onde foi lente e diretor, tornando-se professor efetivo em 1884, tendo chegado ao posto de vice-almirante. Enquanto político, entre 1877 e 1885, teve um papel ativo importante, desenvolvendo uma atividade propagandística a favor dos ideais republicanos. Filiou-se na Maçonaria, publicando numerosos artigos na imprensa nacional e regional sob diversos pseudónimos e colaborando ainda com os jornais Transmontano, Partido do Povo, O Século, Debate e Vanguarda.

Com Cândido dos Reis e Azevedo Gomes, difundiu o republicanismo na Marinha.

Em 1911, foi eleito deputado e senador às Constituintes.

Da sua produção intelectual constam ainda obras sobre meteorologia e teatro, tendo escrito algumas peças. Morreu na Parede (Cascais), em 19 de janeiro de 1945.

 

O presente exemplar pertence à coleção da Biblioteca Passos Manuel e está disponível em cópia digital.




PEÇA DO MÊS | ESTUDO DE COMPOSIÇÃO COM FIGURAS HUMANAS PARA A TELA "CORTES CONSTITUINTES DE 1821"

 


José Maria Veloso Salgado, 1920, 112x171cm, n.º inv. MAR 528.

Este estudo de composição com figuras humanas para a tela Cortes Constituintes de 1821 é uma pintura a óleo sobre tela retangular, disposta na horizontal.

Trata-se de uma composição disposta em quarto de círculo direito onde, em fundo azul, se observam seis figuras adultas representadas a meio corpo por detrás das tribunas, de frente para o espetador, a três quartos para a esquerda, sendo três homens de cabelos escuros, rostos glabros e vestindo casacos escuros, e três mulheres de chapéu.

Este estudo funcionou como um ensaio das formas, poses e atitudes das figuras e sua articulação numa posterior composição para a luneta, da autoria de Veloso Salgado, que viria a decorar a Câmara dos Deputados, hoje Sala das Sessões, representando as Cortes Constituintes de 1821.

Provavelmente, depois de ter sido comprado ao autor, foi agrupado com outros cinco numa mesma moldura, tal como se apresentam hoje.





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