Retrato de Frei Francisco de São Luís Saraiva (Ponte de Lima, 26.01.1766 – Lisboa, 07.05.1845)
PEÇA DO MÊS | FREI FRANCISCO DE SÃO LUÍS (CARDEAL SARAIVA)
Retrato de Frei Francisco de São Luís Saraiva (Ponte de Lima, 26.01.1766 – Lisboa, 07.05.1845), integrado na coleção de retratos litográficos dos «Beneméritos Cidadãos Regeneradores» da Revolução de 24 de Agosto de 1820, da autoria de Francisco António Silva Oeirense (1797-1868), feita em homenagem ao rei D. João VI. Os desenhos originais foram oferecidos pelo autor às Cortes em 1823.
Retrato a meio corpo, a ¾ à esquerda, olhar de frente, veste hábito negro de monge beneditino e solidéu, apresenta o braço direito caído e o esquerdo fletido com um livro na mão. Na parte inferior apresenta a legenda: «Fr. FRANCISCO DE S. LUIZ / DOUTOR E LENTE DE LOGICA / Pela Universidade de Coimbra, Membro da Junta Provisional do / Supremo Governo do Reino instalada no sempre memoravel dia de / 24 de Agosto de 1820». Subscrição: «F.A. Silva Oeirensis ad vivum delineavit, et sculpsit.»
Admitido no Mosteiro de São Martinho de Tibães, casa-mãe da Ordem de São Bento (OSB), em abril de 1780, estudou nos colégios de Rendufe e da Estrela, na Faculdade de Teologia de Coimbra (1785), concluindo o doutoramento em 1791 e onde foi professor de Filosofia e Teologia. Na OSB desempenhou, entre outros, os cargos de secretário do Abade geral, abade do Colégio de Coimbra, visitador-geral e cronista-mor. Em 1817 foi nomeado lente de Filosofia no Colégio das Artes, tendo ainda sido Membro da Academia Real das Ciências, desde a sua fundação. É vasta a sua obra sobre a história da OSB, assim como sobre temas de agricultura, história, literatura, linguística, administração pública e estatística, reunida postumamente em dez volumes, com o título de Obras Completas (1855).
No Minho, em 1808, participou nos combates contra os franceses. Em 1820, integrou a Junta Provisional do Governo Supremo, em representação da Universidade de Coimbra. Foi Deputado às Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes (1821-1822), onde foi eleito membro da Regência e exerceu o cargo de Presidente das Cortes Ordinárias e Extraordinárias (01.03.1823 – 14.05.1823). Foi Presidente da Câmara dos Deputados (06.11.1826 – 14.03.1828; 21.08.1834 – 14.09.1834) e, por sugestão de D. João VI, foi nomeado reitor da Universidade de Coimbra, com direito a sucessão do bispado de Coimbra (1822-1823).
Perseguido e deportado pelos absolutistas, após a vitória liberal assumiu o cargo de guarda-mor da Torre do Tombo. Foi, também, Par do Reino (a partir de 1835), ministro do reino (1834-1835), conselheiro de Estado, vice-presidente da Câmara dos Pares (1842-1845) e cardeal patriarca de Lisboa (1840-1845), sendo responsável pelo reatamento das relações diplomáticas entre Portugal e o Vaticano.
Foi iniciado na Maçonaria, antes de 1821, adotando o nome simbólico de Condorcet, na qual se manteve membro ativo até à sua morte.
A coleção de 32 retratos dos «Beneméritos Cidadãos Regeneradores» da Revolução de 24 de Agosto de 1820 foi oferecida por Joaquim da Cunha Souto Maior, em 29.11.1940, ao então Museu da Assembleia Nacional, descendente de João da Cunha Souto Maior, um dos “vintistas” retratados.