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Perspetiva do Mosteiro de São Bento da Saúde, segundo projeto do Arq. Baltasar Álvares.
Pormenor de painel de azulejos com vista de Lisboa. Atribuível a Gabriel del Barco, c. 1700.
Palácio das Cortes, Moreira (reprodução de J. Artur Leitão Bárcia), 1875.
Exposição "O Mosteiro de S. Bento da Saúde: de Casa Religiosa a sede do Parlamento"
9 dezembro | c. 19h00 (após Plenário) | Centro de Acolhimento ao Cidadão

Em novembro de 2015, assinalaram-se quatro séculos de utilização do edifício onde o Parlamento português está sediado há 181 anos. Durante os primeiros 219 anos esteve afeto à Congregação Beneditina Portuguesa e foi designado por Mosteiro de São Bento da Saúde.

Com a construção incompleta, entrou em funcionamento em 1615 e foi extinto em 1833, ainda por concluir, na sequência de um Decreto da Comissão para a Reforma Eclesiástica que antecedeu o Édito da Extinção das Ordens Religiosas. Passou a ter funções laicas em 1834, por determinação de D. Pedro IV que nele instalou as duas Câmaras Parlamentares, à época (a dos Deputados e a dos Pares do Reino), sendo, então, denominado Palácio das Cortes.


Tendo recebido diferentes designações e sofrido várias adaptações estruturais em distintos momentos políticos, é hoje conhecido como Palácio de São Bento, em memória das suas origens.

A presente exposição enquadra-se no âmbito das comemorações dos 400 anos deste imóvel histórico, classificado como Monumento Nacional desde 2002, e privilegia as suas raízes conventuais. Ocupa uma parte do antigo refeitório dos monges, profundamente alterado no século XX, onde se conservam alguns painéis de azulejos do terceiro quartel do século XVIII, com cenas hagiográficas de São Bento e cenas de género. Conta, essencialmente, com reproduções de obras que fizeram parte do património monástico e cujas diversas localizações atuais atestam a dispersão dos bens após a laicização; integra também um pequeno acervo de peças que aqui permaneceram de modo intencional, ao serviço do Parlamento, ou de forma casual, descobertas durante as empreitadas de adaptação da arquitetura ao órgão de soberania; apresenta ainda peças que não sendo oriundas deste mosteiro, foram recentemente incorporadas por remeterem para o contexto sagrado primordial; finalmente inclui importantes documentos inéditos, concebidos por monges deste cenóbio, de entre os quais um manuscrito que apresenta a descrição de Frei Tomás de Aquino sobre os efeitos do terramoto de 1755 neste templo e no território envolvente, e ainda um volume amplamente ilustrado e anotado que dá a conhecer o essencial do projeto fino-quinhentista do arquiteto Baltasar Álvares, pelas mãos de um anónimo setecentista.

A partir das várias fontes escritas e iconográficas aqui patentes, foi possível reconstituir o Mosteiro de São Bento da Saúde tal como idealizado pelo seu autor. Em maqueta e em modelação 3D, sobressai pela monumentalidade exterior, pela erudição das referências italianas, pelo equilíbrio das volumetrias e pela funcionalidade das divisões, validando a previsão de Frei Leão de São Tomás, na Beneditina Lusitana, segundo a qual «quem vir este Mosteiro acabado, e perfeito, pelo que agora julgamos da traça, e de seus princípios, bem creio, que o porá entre os mais insignes, e de maior majestade que há em Espanha».

Apesar de ter ficado “imperfeito”, o Mosteiro lisboeta não deixou de se afirmar como uma das mais importantes casas religiosas da Península Ibérica, de marcar uma presença indelével na paisagem e de assumir um papel preponderante na dinamização do urbanismo.

O 4.º centenário deste icónico monumento lisboeta é comemorado com uma exposição que inaugura em 9 de dezembro, no espaço do antigo refeitório dos monges, e está patente até 21 de outubro de 2016.

Legendas completas das imagens.
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