COMUNICAR

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A ESTÁTUA DE JOSÉ ESTEVÃO JUNTO AO PARLAMENTO

A estátua de homenagem a José Estevão Coelho de Magalhães está indissociavelmente ligada ao edifício do Parlamento.

Estátua de José Estêvão (Aveiro, 1809-Lisboa, 1862) no terreiro em frente à fachada principal do Parlamento. Postal ilustrado, c. 1900.

"Sempre Fixe", 23 de agosto de 1934.

Posição atual da estátua entre a fachada lateral do Palácio de São Bento e a Novo Edifício da Assembleia da República.

Aprovado por subscrição parlamentar e pública, o monumento da autoria do escultor Victor Bastos foi inaugurado em 1878 no terreiro defronte da fachada principal do Palácio das Cortes, com José Estevão discursando de pé junto à cadeira de Deputado e virado para o edifício.

O Ocidente, de 15 de maio de 1878, descreve a cerimónia:

“No dia 4 de maio inaugurou-se em frente do edifício das Cortes, em Lisboa, a estátua que o reconhecimento nacional consagrou à memória de José Estevão Coelho de Magalhães, o mais eloquente e mais inspirado orador que a época parlamentar tem porventura produzido em Portugal. (…)

A estátua assenta num singelo pedestal de cerca de três metros de altura. O orador está de pé, naquela atitude nobre e majestosa com que sabia impor-se aos auditórios. As linhas são elegantes e corretas, e embora haja talvez pouca felicidade da escolha do gesto, há todavia muita fidelidade nos traços gerais da fisionomia.”

Em 1934, por motivo das obras que teriam lugar no Parlamento e nos espaços envolventes, a estátua seria colocada no Átrio Principal do Palácio, onde permaneceria até 1984 (ver imagem).

O semanário humorístico Sempre Fixe retrata a situação através de uma caricatura em que José Estevão, apeando-se do monumento, se dirige ao Zé Povinho:

“Ajude-me a descer e diga-me: se tive, realmente, voz altissonante, opulenta e patriótica, porque me retiram daqui?”

O Zé Povinho, estendendo a mão a José Estevão, responde:

“Talvez porque o Palácio do Congresso e este largo vão ser modernizados. Bem vê V. Exa. que sobrecasaca, bigode e pera, e oratória parlamentar são velharias.”

No dia 15 de outubro de 1984, a estátua é reinaugurada junto à fachada lateral do edifício, com a figura de José Estevão voltada para a Rua de São Bento. A inauguração foi precedida por uma sessão de homenagem ao político, militar e jornalista que marcou a oratória parlamentar da primeira metade do século XIX.

Sob a presidência de Manuel Tito de Morais, usaram da palavra Vilhena de Carvalho (ASDI), José Tengarrinha (MDP/CDE), Zita Seabra (PCP), Horácio Marçal (CDS), Portugal da Fonseca (PSD) e Frederico de Moura (PS).

Veja a reportagem fotográfica da inauguração da estátua em 1984.
Fotografias de Alves Pinto, Arquivo Histórico Parlamentar.

No final dos anos 90, com as obras de construção do Novo Edifício, do parque de estacionamento da Assembleia da República e de requalificação dos espaços exteriores (1), a face da estátua ficou na posição atual, de frente para o jardim da Praça de São Bento.

A Assembleia da República editou três obras sobre José Estevão:

José Estêvão de Magalhães 1809-1862: biografia parlamentar, de Júlio Joaquim da Costa Rodrigues da Silva, 2009. Coleção Parlamento.
ISBN 978-972-47-3975-5

José Estêvão: Revolução e Liberdade 1809-1862, 2010.
(catálogo de exposição com o mesmo título)
ISBN 978-972-556-535-3

José Estêvão: o homem e a obra, de José Manuel Tengarrinha, 2011. Coleção Parlamento.
ISBN 978-975-556-565-0

(1) Estas obras de construção serão tema de um artigo a publicar no próximo número do ComunicAR.

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Mais informações em: www.parlamento.pt