Esta obra, executada por Tomás Costa e adquirida pelo Congresso da República em 1921, assenta numa composição de losangos imediatamente percecionada na volumetria total da peça e posteriormente descortinada em diversas partes: no conjunto da cabeça (compreendendo o topo do barrete e a disposição dos cabelos), no conjunto do pescoço e peito (visualmente prolongado no decote em V) e no conjunto do remate do queixo, ombros, braços e manto. Além do rosto, marcado por certa androginia e pelo olhar não frontal e ligeiramente elevado, destaca-se também a massa dos seios (o que se deve menos à dimensão e mais à centralidade), à estrutura compositiva (que alarga nessa zona) e às características da indumentária (rica em texturas e vetores cruzados no meio do corpete e da capa). Se a expressão facial confere altivez e alguma virilidade à imagem da República, a proeminência dos peitos transforma-a num símbolo de prosperidade.

Em termos plásticos e simbólicos, esta peça demarca-se do Busto Oficial da República, selecionado em 1911 no concurso promovido pela Câmara Municipal de Lisboa, que reduz a figuração à cabeça, a imagem ao ideário exclusivamente feminino e a técnica ao relevo mais impressivo do que expressivo.