PEÇA DO MÊS | MESA DE CENTRO
Mesa de formato retangular inteiramente revestida por mogno folheado, aro alto em curva e contracurva, com quatro pernas idênticas e simétricas em voluta prolongada que termina, exteriormente, em forma de cabeça de cisne, com entalhamento a imitar as penas, olhos e bicos dourados. As pernas assentam em traves laterais, retangulares e paralelas, unidas por largo travejamento central, aligeirado por acentuada curva ao meio.
A decoração é conferida pelas curvas do aro, pela elegância dos longos e esguios colos de cisne evocados pelas curvas das pernas e pelo folheado de raiz de mogno, com veios de um rico colorido que varia entre a cor de mel e tonalidades alaranjadas. A pureza de linhas e o despojamento decorativo conferem-lhe uma sóbria elegância, suavizada pelas curvas que adicionam leveza à aparência.
Esta mesa é proveniente das primeiras Cortes Constitucionais e revela influência do mobiliário francês do período da Restauração, correspondente aos reinados de Luís XVIII e Carlos X (1815-1830), que sucedeu ao estilo Império. As linhas retas e austeras deste estilo foram substituídas por curvas e ângulos arredondados, criando móveis de menor aparato mas de aparência mais feminina, mais confortável e de maior leveza. O estilo Restauração foi adotado para diversas peças de mobiliário das câmaras parlamentares, Câmara dos Pares e Câmara dos Deputados, imediatamente subsequentes à outorga da Carta Constitucional de 1826 pelo Rei D. Pedro IV.
A mesa surge mencionada pela primeira vez no “Inventario de mobilia e acessorios” realizado em agosto de 1843, em que é descrita como “Mêsa de mogno sustentada em bixas/É da primitiva”. Encontra-se atualmente no escritório da residência oficial do Presidente da Assembleia da República.
Mesa de centro | Madeira folheada a mogno, entalhada e dourada, Portugal, séc. XIX (década de 1820), 78 x 97,7 x 60,2 cm, n.º inv. MAR 2882.