PEÇA DO MÊS | ESTEREOSCÓPIO
Estereoscópio de visor binocular, com máscara em madeira, lentes de aumento e convergência em vidro, pega retráctil em madeira e metal, assim como o suporte para postais.
A peça não apresenta marcas ou inscrições.
Este equipamento é um instrumento que permite ter a sensação de profundidade a partir de um par de fotografias ou imagens que correspondem à visão do olho esquerdo e direito. A sobreposição dessas duas imagens no cérebro permite perceber a noção de tridimensionalidade e de distância dos objetos.
Observando-se uma imagem em duas dimensões existem alguns efeitos passivos que dão a noção de profundidade: perspetiva, iluminação, oclusão, sombra e gradiente de textura.
"Estéreo" tem a sua origem na palavra grega "stereós" que significa sólido, sendo uma referência à terceira dimensão, à profundidade que os objetos possuem, e, partir do século XIX, passou a integrar a terminologia científica como sendo equivalente a "tridimensional".
O nome de Charles Wheatstone é relevante no presente registo porque esse físico construiu em 1838 o primeiro aparelho que reproduzia desenhos tridimensionais de objetos e figuras geométricas, tendo o inglês David Brewster construído em 1849 a primeira máquina fotográfica estereoscópica a que chamou estereoscópio, com base nos estudos de visão binocular desenvolvidos pelos italianos Giovanni Battista (1542-1497) e Leonardo da Vinci (1452-1519): os fotógrafos montavam as fotos em papel cartão e as pessoas usavam estereoscópios para a sua observação. Esta foi uma atividade muito popular entre 1870 e o início da primeira guerra mundial, sendo os motivos retratados as paisagens, os campos de batalha ou cenas do quotidiano.
Assim poderá afirmar-se que este tipo de equipamentos deu origem, com a correspondente evolução e a partir de 1939, ao famoso sistema norte-americano View-Master.
As coleções, uma de 20 postais e outra de 24, em formato de cartão retangular e disposição horizontal para visualização tridimensional em estereoscópio, e apresentando, respetivamente, diferentes imagens da I Grande Guerra e imagens religiosas, assim como a peça acima descrita, foram doadas à Assembleia da República a 19 de outubro de 2014, por ocasião dos Dias da Memória da Primeira Grande Guerra Mundial. Este evento, realizado na Assembleia da República nos dias 17, 18 e 19 de outubro, permitiu recolher e registar documentos, objetos e testemunhos relativos à participação de Portugal no conflito.