Busto de D. Manuel II, José Simões de Almeida (sobrinho) (1880-1950), escultura em gesso, 66 X 58 X 25 cm, n.º inv. MAR 64.
D. Manuel II saindo do Palácio das Cortes após a cerimónia de abertura da I legislatura do seu reinado, 29 abr. 1908, cota BEN 12.
PEÇA DO MÊS | BUSTO DE D. MANUEL II
Busto, moldado em gesso, com execução volumétrica completa (vulto pleno) representando o Rei D. Manuel II de Portugal (1889-1932), jovem, olhando para a esquerda, com cabelo curto e apartado à esquerda, o rosto glabro e a expressão altiva.
O monarca enverga farda de general, com gola bordada, charlateiras, banda e comenda das Três Ordens, bem como duas condecorações, uma delas a Torre e Espada.
A peça, da autoria de José Simões de Almeida (sobrinho), foi moldada com efeitos de claro-escuro pelos relevos, constatando-se a criação de diferentes texturas e apresentando elementos decorativos sintetizados.
Assenta em peanha de gesso e forma quadrangular, com os cantos recortados.
José Simões de Almeidas (sobrinho), escultor português que seguiu a escola naturalista, nasceu a 17 de junho de 1980 em Figueiró dos Vinhos e morreu em Lisboa a 2 de março de 1950. Sobrinho do escultor homónimo José Simões de Almeida, foi responsável por várias esculturas existentes no Palácio de São Bento. Além do busto de D. Manuel II, é autor da representação oficial da estátua da República e do tímpano do frontão do edifício.
A figura retratada, filho de D. Carlos I de Bragança e de D. Amélia de Orleães, viu-se obrigado a assumir precocemente os destinos do país devido ao regicídio ocorrido a 1 de fevereiro de 1908 no Terreiro do Paço em Lisboa, no qual foram assassinados o seu pai e o seu irmão Luís Filipe, com base numa conspiração de cariz republicano. Após ser solenemente aclamado rei em 6 de maio de 1908 perante os Deputados da Nação no Palácio das Cortes, com a tenra idade de 18 anos, mandou reunir o Conselho de Estado, tendo de seguida demitido o Primeiro-Ministro João Franco e a correspondente política de força, e nomeado um governo de aclamação partidária presidido pelo Almirante Francisco Joaquim Ferreira do Amaral. Esta atitude acalmou os ânimos, mas enfraqueceu a posição monárquica perante os republicanos.
D. Manuel II optou por não intervir diretamente na governação – seguiu a máxima segundo a qual um rei reina, mas não governa – embora tivesse abraçado a ‘Questão Social’. Esta consistia na preocupação por parte de intelectuais e governantes com o destino do crescente proletariado urbano, no decurso do século XIX e início do século XX, emanado das mudanças impostas pela Revolução Industrial. Neste âmbito, e também pretendendo evitar que a situação política se radicalizasse com o poder crescente dos republicanos e dos anarquistas, por iniciativa sua e do seu Primeiro-Ministro Venceslau de Lima foram encetados contatos com os mandatários socialistas Aquiles Monteverde e Azedo Gneco, sendo inclusive já em 1910 e no Governo de Teixeira de Sousa criada uma comissão no sentido de se estabelecer o Instituto de Trabalho Nacional.
Na sequência da implantação da República em 5 de outubro de 1910, exilou-se com a família real em Inglaterra, onde foi recebido pelo Rei Jorge V. Casou-se em 4 de setembro de 1913 com a princesa Augusta Vitória de Hoenzollern-Sigmarigen e não teve descendentes.