PROJETO DE RECOMENDAÇÃO DA ESCOLA
Escola Básica e Secundária Sacadura Cabral, Celorico da Beira
Exposição de motivos
A adolescência constitui uma etapa vital por moldar a personalidade dos seres humanos para a vida adulta. Há uma série de fatores que tende a condicionar e a perturbar o crescimento saudável dos jovens: mudanças físicas, emocionais e sociais que podem afetar a sua autoestima, agravar os níveis de insegurança e de insatisfação com a sua imagem e aumentar o medo de serem rejeitados/excluídos do grupo de pares. Está provado que os jovens que vivem em ambientes frágeis, com exposição a situações de pobreza, violência física e psicológica ou são portadores de doenças crónicas se encontram mais vulneráveis e expostos a doenças de saúde mental.Considerando que a pandemia ditou / impôs dois períodos de confinamento obrigatório e de ensino à distância que os privou das relações interpares, do lazer, da prática do desporto, os tornaram mais dependentes de televisão, internet, Redes Sociais e os impediram de partilhar emoções, pensamentos destrutivos e mesmo comportamentos autopunitivos, que, segundo o Estudo Health Behaviour in School-aged Children (HBSC/OMS), feito em 51 países, aumentaram de 19,6% (2018) para 24,6% (2022).
Considerando que, segundo dados da OMS, as condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos; que, em todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre os adolescentes; que a maioria dos casos de falta de saúde mental começa aos 14 anos e não é detetada ou tratada e que o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.
Considerando que os sintomas de depressão voltaram a aumentar nos adolescentes portugueses e afetam cerca de 42% dos 5440 jovens com média etária de 14 anos inquiridos, no âmbito de um estudo desenvolvido em 21-22 coordenado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEC).
Considerando que o índice de a satisfação com a vida, nos jovens com 11, 13 e 15 anos, baixou de 7,68 (2018) para 7,50 (2022) e que o valor de perceção de felicidade passou de 27,2% para 18,3%.
Considerando, finalmente, que a promoção da saúde mental e a prevenção de transtornos são fundamentais para ajudar adolescentes a prosperar e que, segundo o estudo da ESEC, as intervenções em contexto escolar têm levado a uma melhoria ao nível do bem-estar e a uma diminuição dos sintomas de depressão.
Urge tomar medidas práticas que ajudem os jovens a lidar com os problemas específicos da adolescência e que foram agravados pela pandemia ao fazer emergir sintomas psicológicos: no estudo HBSC/OMS, 21% disseram sentir nervosismo quase todos os dias (13,6% em 2018); 15,8% mau humor ou irritação quase todos os dias, 11,6% tristeza quase diariamente e 9,1% medo.
Como os discentes são obrigados a cumprir a escolaridade obrigatória, consideramos que essa sensibilização para os fatores de risco da Saúde mental e o fomento de uma pedagogia assente numa intervenção preventiva deve ser promovida e oferecida na escola.
Medidas Propostas
- Promoção de ações de formação dirigidas ao pessoal docente e não docente, de modo a capacitá-los para saberem identificar os sinais de instabilidade emocional e lidar com situações concretas de saúde mental frágil / periclitante. A capacitação do pessoal docente poderá, depois, ser rentabilizada, para a lecionação de uma unidade curricular, a criar pelo ME, via DGE, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento nos 2.º e 3.º CEB.
- Criação de um canal de comunicação interno, para ajudar os discentes em sofrimento e potenciar a intervenção preventiva do SPO: disponibilização de uma caixa para colocar questões/relatos anónimos de estados emocionais instáveis. O retorno de informação será realizado, semanal/, através da divulgação de respostas numa plataforma digital e, mensalmente, através da realização de palestras que forneçam dicas que ajudem na resolução dos problemas. Tudo coordenado por um psicólogo.
- Promoção e realização de convívios informais de participação voluntária, na modalidade de grupo terapêutico, orientados por um profissional da área da saúde mental, que estimule a interação e a partilha de testemunhos e/ou experiências por parte de pessoas que já tenham passado pelo mesmo problema.