Exposição de motivos

A prevalência dos problemas de saúde mental nos jovens têm vindo a aumentar nos últimos anos, tendo-se acentuado durante o período pandémico.
Ora, a falta de saúde mental nos jovens pode acarretar vários problemas como o consumo de substâncias, a delinquência, as ideações suicidas e ter um grande impacto no desempenho escolar, como problemas disciplinares, maus resultados escolares, retenções e um elevado absentismo. Estes são potenciais fatores de risco que, juntamente com a fase de desenvolvimento e particulares vulnerabilidades dos jovens, podem ser a causa de perturbações mentais que terão grandes repercussões na idade adulta.
Consideramos que a Escola, ao contribuir para o desenvolvimento emocional, comportamental e cognitivo das crianças e adolescentes, é sem dúvida um espaço facilitador da prevenção e promoção da saúde mental nos jovens, daí a escolha das nossas medidas.
Atualmente, referenciar um aluno para o gabinete de psicologia exige um longo processo burocrático, resultando períodos de espera demasiado prolongados que agravam, na maioria dos casos, as situações reportadas. Julgamos urgente assegurar o bem-estar psicológico das crianças e adolescentes atuando de imediato sobre os problemas e de forma confidencial, sempre que necessário, visando uma intervenção psicológica mais eficaz. Agir sobre o problema e não sobre a perturbação é uma importante ferramenta no combate à doença mental.
Achamos ainda que é na Escola que devem ser trabalhadas as competências socioemocionais dos jovens, num espaço livre de preconceito e estigma, como deve ser a sala de aula, dando voz aos seus problemas, permitindo fornecer-lhes ferramentas de gestão e regulação emocional importantes para o seu desenvolvimento e que levarão consigo para a vida adulta. A autorregulação e a boa gestão das nossas emoções é um importante sinal de saúde mental.
Finalmente, julgamos ser indispensável combater o estigma e promover um maior conhecimento sobre a área da Psicologia, pretendendo contribuir para o fortalecimento da literacia sobre saúde mental nos jovens.

Medidas Propostas

1. Criação do correio SOS. Esta medida consiste na existência de uma caixa de metal que ficará colocada ao lado do gabinete de psicologia da escola e que será aberta, pelo menos, três vezes por semana pelo/a psicólogo/a. Os jovens poderão escrever as dificuldades pelas quais estão a passar e deixar o seu contacto para que o/a psicólogo/a os possa contactar com a maior brevidade possível e com menos burocracias.
2. Criação da disciplina curricular de “Gestão Emocional”. Esta disciplina pretende substituir no Ensino Básico, por exemplo, as disciplinas de CIDES ou Assembleia de Turma e ser criada como disciplina nova no Ensino Secundário. Teria como principal objetivo trabalhar as competências socio-emocionais dos jovens. Seria lecionada por psicólogos juniores, com o objetivo de criar estágios profissionais remunerados da Ordem dos Psicólogos Portugueses, visando aumentar o número de psicólogos nas escolas.
3. Criação do “Clube das Emoções”. Este clube seria composto por alunos, professores, psicólogos e outros técnicos especializados, tais como, Educadores Sociais, mediadores de conflitos, entre outros existentes nas escolas. Visaria a realização de diversas atividades de sensibilização e prevenção ao longo do ano letivo, por exemplo: debates, palestras, conversas informais, workshops, entre outros.