Exposição de motivos

Numa sociedade de mudanças rápidas falar e intervir no âmbito da Saúde Mental é urgente. Os jovens estão abandonados, os avós estão longe, os pais psicologicamente distantes, os professores cansados e desiludidos. Não sabem o que esperar, por isso alegram-se com vídeos, com youtubers light e com cinco segundos de fama. Estamos doentes e seremos uma sociedade doente, por isso, a urgência de uma intervenção política, com repercussões a nível económico e social. Os jovens precisam de uma vida multidimensional, com oportunidade para desenvolverem outos domínios para além dos escolares. A nossa escola tem apenas o ensino profissional. Como se situa no interior do país e é frequentada por alunos de diferentes concelhos, não tem um sistema de transportes escolares muito flexível, por isso, o horário letivo dos alunos decorre entre as 09h00 e as 17h05, de segunda a sexta-feira. Muitos alunos levantam-se muito cedo, 6h , por exemplo, e chegam às suas residências muito tarde, por volta das 19h. Este horário dificulta o envolvimento dos alunos em atividades desportivas e/ou culturais, que permitam aliviar a pressão, interagir com outros jovens presencialmente e desenvolver outras competências, condicionando ainda o horário de descanso necessário. É devido a esta situação que se propôs a diminuição da carga horária, no que concerne às horas de formação do ensino profissional, de modo a permitir que os alunos participem em atividades fora da escola. Dado que os jovens passam grande parte do tempo na escola, torna-se necessário reforçar a presença neste espaço de stakeholders com diversas competências, que vão ao encontro das necessidades e prioridades próprias do decurso do seu espaço de vida. Deste modo, o fortalecimento de equipas multidisciplinares (psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, enfermeiros, nutricionistas) deve constituir uma prioridade para a promoção da saúde física e mental dos alunos e demais agentes que trabalham na escola. Será através da partilha de experiências e competências que serão construídas e desenvolvidas atividades de promoção de competências pessoais e sociais em pequenos grupos, sendo, muitas vezes, ao nível da implementação destas que são identificados os alunos que poderão beneficiar de sessões de acompanhamento psicológico na ou fora da escola. Daí a necessidade de serem promovidas sessões de competências pessoais e sociais através dos serviços de psicologia na escola, alargando-se a possibilidade de se facilitar o encaminhamento rápido para outros serviços de saúde pública . Até uma certa idade, os jovens aceitam relativamente bem a ajuda, mas depois começa a ser mais difícil, quase um sinal de fraqueza. Será necessária a atuação em dois vetores: a) a sensibilização constante para os mecanismos de proteção e promoção da saúde mental, através da dinamização de sessões em pequeno/grande grupo dentro e fora da escola e b) a disponibilização de uma linha de atendimento telefónico gratuita.

Medidas Propostas

1. Diminuição da carga horária nos diferentes ciclos de ensino, nomeadamente no ensino profissional, de modo a permitir a participação de crianças e jovens em atividades desportivas e/ou culturais.
2. Reforço dos serviços de Psicologia gratuitos nas escolas e consolidação de parcerias com outros serviços públicos especializados (médico de família, dentista, nutricionista).
3. Criação de serviços de apoio à saúde mental dos jovens fora da escola, nomeadamente uma linha de apoio telefónico gratuito e anónimo.