Exposição de motivos

A saúde mental é definida como “um estado de bem-estar em que cada indivíduo realiza o seu próprio potencial, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar produtivamente, e é capaz de contribuir positivamente para a sua comunidade.” Corresponde ao nosso bem-estar emocional, psicológico, e social, afetando a nossa forma de pensar, sentir e agir. Determinando a forma como lidamos com o stress, nos relacionamos com os outros e fazemos escolhas, sendo importante em todas as fases da vida, desde a infância e adolescência até à idade adulta.

Os estudos recentes mostram-nos que a prevalência de perturbações mentais em jovens entre os 10 e os 19 anos de idade tem vindo a aumentar nos últimos anos, como podemos verificar nos dados fornecidos pela OMS que refere que em 2019, na Europa, 9 milhões de jovens dos 10 aos 19 anos, viviam com problemas de saúde mental, sendo 55% desses jovens diagnosticados com ansiedade e depressão. Este estudo concluiu também que o suicídio é a quarta causa de morte entre os jovens com 15-19 anos, tendo este cenário sido agravado com a pandemia.

Agora, após dois anos de confinamento e restrições, os jovens deparam-se com novos desafios: viciação nas redes sociais, resultante da exposição em demasia no telemóvel, tablets, computadores porque não podiam sair; bullying online, mas também nas escolas; dificuldade em gerir as relações interpessoais e compreender as suas próprias emoções; exposição à violência; agravamento da sua saúde mental própria e de familiares; agravamento das condições económicas como consequência da guerra e da inflação.

Neste sentido, perante uma realidade profundamente alterada, as escolas e os professores têm um papel crucial na promoção da Saúde Mental, pois, é fundamental assegurar que cada jovem/criança beneficie de uma educação com a presença de afetos e relações seguras, apoio em casa e na comunidade e acesso a serviços de saúde mental e de apoio psicossocial de qualidade. Particularmente no que concerne ao ambiente escolar, é necessário assegurar que todas as crianças e jovens aprendem e interagem em ambientes seguros e protegidos, criando relações de suporte e tendo acesso a serviços de saúde mental.

Medidas Propostas

1. Combater o estigma e a discriminação relativa à saúde mental – propomos que nas escolas, sejam criadas equipas de alunos, com o apoio do Gabinete de Apoio Psicossocial, para dinamizar junto dos colegas palestras sobre a questão da saúde mental, mas também atividades que dotem os jovens com competências que vão permitir lidar e resolver problemas e a gestão de relações interpessoais e de controlo das emoções. Combatendo, assim, o estigma e a discriminação
2. Criação de uma bolsa de especialistas na área da saúde mental - tendo em conta que o número de jovens com alguma perturbação mental, pós-pandemia aumentou, bem como os pedidos de ajuda nas escolas, não tendo estas recursos suficientes para dar resposta a todos os pedidos, seria importante que as câmaras municipais criassem uma bolsa de psicólogos e outros terapeutas que estivessem disponíveis para a população jovem. Estes centros deveriam estar, preferencialmente, situados junto a escolas
3. Dinamização de atividades de combate ao isolamento social e ao sedentarismo - os ginásios junto dos polos escolares poderiam criar parcerias com as escolas, a fim de, em horário escolar, dinamizar atividades para os alunos e reduzir o preço das mensalidades para jovens até aos dezoito anos.