PROJETO DE RECOMENDAÇÃO DA ESCOLA


Escola Secundária de Montemor-o-Velho


Exposição de motivos
A desinformação não é um fenómeno recente, nem é exclusiva dos novos meios de comunicação. No entanto, foi com a ascensão destes e a maior acessibilidade (seletiva) da população, também pela educação pública, ao conhecimento que o seu domínio pela estrutura social assumiu outra complexidade. A esse domínio, às condições subjetivas que produz, chama-se de ideologia. As medidas que propomos focam-se em três instrumentos ideológicos de relevo na nossa conjuntura e são, portanto, consequência direta do encarar das contradições materiais do quotidiano. São estes o Ensino, a Imprensa e a Internet. O propósito das medidas é a sua democratização, entendendo-se a Democracia como a soberania dos interesses do povo em qualquer decisão que afete o coletivo, a qual decorre da sua participação inequívoca neste processo. Com efeito, é preciso primeiro concretizá-la para a poder proteger. A escola pública, propulsora da alfabetização, foi uma conquista nesse sentido. Porém, os seus fins submetem-se à vontade tecnocrata do mercado de trabalho. O humanismo que a deve reger provirá da promoção do exercício de uma cidadania informada; terá em consideração o caráter conflituoso da realidade que integra os alunos que forma, daí que a apresentação dessa mesma realidade não cairá em abstrações unilaterais, mas sim num debate cuja riqueza é consequência da diversidade de opiniões e do didatismo que advém da tentativa da sua exposição. Em suma, tomará como primeira e última necessidade a construção de sentido crítico. Critérios que surgem explicitados no projeto da componente educativa de Educação para a Cidadania e devem ser de aplicação generalizada, inclusive no que se refere a uma intervenção política consciente, tema premente na vida dos portugueses mas que, ainda assim, está ausente na instrução da maioria, vulnerabilizando-os a fake news doutrinárias. Os clubes de jornalismo escolares desempenham um papel insubstituível na introdução dos estudantes a um dos mais basilares setores da sociedade contemporânea - a comunicação social. Na sua essência, contribuem com a prática da técnica e, mais importante, da responsabilidade ética no que ao tratamento de informação diz respeito.
Todavia, o seu âmbito é somente local, o que limita a sua capacidade didática, para além de causar um menor impacto na comunidade escolar. Raramente estes jornais a alcançam com sucesso e frequentemente isso tem que ver com a magnitude das histórias noticiadas. O reunir de esforços em torno da revitalização desta atividade traria uma amplitude inédita ao fenómeno do jornalismo jovem. As redes sociais são hoje a principal fonte noticiosa do mundo. Facilitam tanto a produção como a circulação de multimédia. Contudo, em ambas as vertentes se revelaram
perigosas, pois a sua finalidade não é informar, é serem lucrativas. A produção não serve o esclarecimento, mas o entretenimento, e a distribuição não segue o critério da pertinência, mas do potencial de engajamento, resultando na proliferação de conteúdo nocivo. Os nossos
dados pessoais e atenção não são comercializáveis e os nossos direitos não são moeda de troca para publicidade. Apenas uma plataforma alternativa, isenta destes mecanismos, mas apelativa às faixas etárias mais novas, pode deter o agravamento destes sintomas da era digital. A sua coordenação deve partir de quem dela beneficiará – o meio estudantil – que disporá, deste modo, de um safe space virtual para fazer pesquisa de qualidade, consultar notícias fidedignas e interagir entre si, livre dos malefícios da Internet.


Medidas Propostas
  1. Inclusão do pensamento político como uma área temática de Educação para a Cidadania no ensino secundário através da análise e discussão de material disponibilizado pelas várias juventudes partidárias com atividade em Portugal.
  2. Criação de uma rede social de gestão cooperativa com suporte governamental direcionada para os estudantes, fazendo uso da sua prática de utilização destes espaços para selecionar as suas ideias em relação à conceção desta plataforma através de um concurso nacional realizado nas escolas que consista numa redação sobre como tornar as redes sociais um lugar melhor. Os vencedores poderão influenciar diretamente a formatação do site.
  3. Promoção de uma iniciativa que reúna os vários clubes de jornalismo a nível regional para a formulação de uma página de jornal que junte as notícias mais pertinentes divulgadas no período escolar em questão pelos diversos jornais locais. Cada página dos dezoito distritos e regiões autónomas constituirá, em conjunto com as restantes, um só jornal trimestral nacional acessível online.