PROJETO DE RECOMENDAÇÃO DA ESCOLA


Agrupamento de Escolas da Ericeira, Mafra


Exposição de motivos
O surgimento de diversificados veículos de informação e o desenvolvimento das redes sociais potenciaram a divulgação de falsas notícias e de desinformação. Estas realidades sempre existiram. A substituição incondicional da razão pela emoção e o desprezo pelos factos são sintomas de fragilidade da verdade, pondo em causa os alicerces da democracia. A democracia substituiu a espada pela palavra, pelo que a sua conservação exige a verdade.
Há algumas décadas que a objetividade, entendida como imparcialidade e respeito pelos factos, tem desmerecido a atenção das pessoas. A polarização extremou-se, todos têm direito à sua própria opinião. As redes sociais alimentaram o relativismo, afirmando a inexistência de verdades universais e cimentando a ideia das verdades individuais. Aparentemente, a promoção do indivíduo e da sua liberdade de expressão é uma conquista civilizacional, contudo também surgiu em simultâneo a perspetiva de que o subjectivismo e a mera opinião não necessita de conhecimento, de aprofundamento e de esforço individual pela busca da verdade, que é um património de todos. Além disso, na grande maioria das ocasiões, não existe a consciência das nossas próprias limitações cognitivas e comunicativas.


Medidas Propostas
  1. Constituição de uma equipa de especialistas, reconhecidos pelos projetos científicos e pela participação cívica na difusão do conhecimento, para avaliar a pertinência objectiva e verosimilhança das informações veiculadas pelos mass media e difundidas pelas redes sociais. Esta ação permitiria legitimar a identificação da desinformação e promoveria o desinvestimento da publicidade em sites que fossem identificados como veículos de notícias falsas.
  2. Em idades mais precoces, o jogo e o lúdico são mecanismos essenciais da aprendizagem. Como modo de fomentar o pensamento crítico e a identificação dos mecanismos de desinformação, capacitando as pessoas individualmente para lidarem melhor com o assunto, propomos a introdução de jogos lúdicos difundidos pelos manuais escolares e bibliotecas de escolas e outros meios para identificação de fakenews e fragilidades de teses.
  3. No sentido de introduzir um formalismo e aprofundamento das questões da desinformação, defendemos a difusão nos programas de disciplinas já existentes do ensino secundário - que estejam vocacionadas para o pensamento crítico - dos vieses cognitivos habituais, como o viés da confirmação e a confiança excessiva, por exemplo.