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Maximiano Alves, 1921, estafe, Inv. n.º 2105, foto de Eduardo Gageiro.
Pormenor do ramo de oliveira apontado para o mapa de Moçambique.
PEÇA DO MÊS | DIPLOMACIA

A estátua alegórica à Diplomacia apresenta-se de pé e em contraposto clássico, enverga toga e manto, tem o cabelo apanhado em coque e uma fita sobre a testa, olha para baixo, mostra o braço, o ombro e o peito destapados no lado direito, com a alça descaída, em jeito de revelação e sedução, e o lado oposto tapado, em gesto de ocultação e reserva. Na mão direita segura um pequeno ramo de oliveira, com o qual aponta uma pilha de livros encimada pelo mapa de Moçambique, e com a mão esquerda agarra um punhal parcialmente encoberto pela roupagem. Nesta representação dúbia é possível entrever os instrumentos e recursos, as vicissitudes e contingências da arte diplomática, que suscitam gestualidades, comportamentos e tomadas de posição diversas para conciliar diferentes opiniões e que incitam ao uso da palavra e da argumentação (subentendidas nas volumosas publicações) ou da ação e da força (inferidas na arma) e à prática da paz ou da guerra, consoante as situações e conjunturas.


Esta figura – que aludirá concretamente aos resultados da política diplomática do pós-guerra no processo de restituição do território de Quionga a Portugal em 1919, por decisão do Conselho Supremo das Potências Aliadas e Associadas – integra-se num conjunto de seis estátuas femininas de corpo inteiro e togadas, concebidas em estafe, dispostas ao longo do primeiro nível de tribunas da Sala das Sessões dos Deputados. Identificadas por inscrições nos plintos, simbolizam, da esquerda para a direita: a Constituição (por José Simões de Almeida, sobrinho), a Lei (por Francisco dos Santos), a Jurisprudência (por António Augusto da Costa Mota, tio), a Eloquência (por Júlio Alves de Sousa Vaz Júnior), a Justiça (por António Augusto da Costa Mota, sobrinho) e a Diplomacia (por Maximiano Alves).

Embora o projeto arquitetónico de Miguel Ventura Terra para o Hemiciclo já contemplasse a existência de imagens alegóricas, preferencialmente a executar em mármore, em 1903 a sala foi inaugurada ainda sem estes elementos, cuja temática e materiais só foram decididos em 1920 e a sua distribuição indicada pelo arquiteto Adolfo Marques da Silva.
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