Latão e tintas, 2013, 11 x 22 x 9 cm. N.º inv. MAR 5253.
O incêndio na Câmara dos Deputados, a 17 de junho de 1895, combatido pelos bombeiros de Lisboa. Fotografia do Coronel Azevedo e Silva. Cota MUS 543.
PEÇA DO MÊS | MINIATURA DE CARRO DE BOMBEIROS
Miniatura de carro de bombeiros de finais do século XIX, com carroçaria de cabine aberta em latão pintado de preto, vermelho e amarelo, quatro pneus em plástico preto, jantes de metal cromado, mangueira em corda, enrolada, agulheta e tubagens laterais em metal amarelo. A peça está integrada numa estrutura que a contextualiza numa cena de combate a incêndio por dois bombeiros, identificando-a como uma edição comemorativa do 130.º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Barcelos (1883-2013). Foi oferecida pela corporação barcelense de bombeiros à Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção Esteves, na XII Legislatura.
Uma viatura como esta poderá ter ajudado a combater o incêndio que deflagrou no Palácio das Cortes pelas 13h10 do dia 17 de junho de 1895, na sequência dos trabalhos de reparação dos telhados.
No registo de ocorrência do sinistro, conservado no atual arquivo do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, atesta-se que o fogo "teve começo no ângulo sul da parte posterior da cúpula da câmara dos deputados […] e foi causado por faúlhas ou brasas de uma pequena forja de aquecer ferros de soldar, pois que estavam ali trabalhando os operários […] O fogo desenvolveu-se rapidamente no madeiramento e destruiu por completo a sala das sessões; parte de alguns corredores e as portas, alizares e teto de um arquivo […]." O alerta foi dado por um soldado do Regimento de Infantaria, que logo avisou a caserna da Esperança. "Iniciou-se logo vigoroso ataque, no qual tomaram parte […] a corporação municipal, os voluntários de Lisboa, Ajuda, Imprensa Nacional, Belenenses, e dos Terramotos; 35 praças do quartel de marinheiros, 14 dos transportes 'Índia' e 25 de um navio de guerra russo, ancorado no Tejo", todos sob a direção do inspetor Augusto Ferreira, coadjuvado pelo vice-inspetor Lapa, e munidos de quatro bombas a vapor, doze bombas de caldeira e bombas americanas.
O incêndio foi "atacado vigorosamente pela fachada principal, pela posterior e pela que enfrenta o largo de S. Bento" e estava dominado "duas horas depois de se manifestar". No entanto, a capacidade das bocas-de-incêndio esgotou-se e foi necessário recorrer à "cisterna existente no jardim do palácio situado nas traseiras do edifício, com frente para a calçada da estrela". Com esta ajuda, o incêndio foi "considerado extinto uma hora depois, prolongando-se o rescaldo até às 10 da noite".
A Sala das Sessões da Câmara dos Deputados, projetada por Joaquim Possidónio da Silva em 1834, veio a ser reconstruída por Miguel Ventura Terra, vencedor do concurso aberto para o efeito, e inaugurou em 1903.