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PEÇA DO MÊS | MEDALHA COMEMORATIVA DOS HOSPITAIS CIVIS DE LISBOA

Esta medalha, de maio de 1962, foi encomendada pela Assembleia Nacional a João da Silva, por ocasião do 450.º aniversário da colocação da primeira pedra na construção do Hospital Real de Todos os Santos e instauração dos ideais de socorro aos carenciados, de caridade e de solidariedade, aliás salientes na inscrição da face Salus Atque Caritas.

Na medalha circular em bronze (liga de cobre, estanho e zinco), visualiza-se no anverso o seguinte:

Ao centro, a evocação do Hospital Real de Todos os Santos com uma imagem de um trecho do que terá sido a sua fachada e realce, ao meio, à entrada no mesmo pela igreja. Adjacente à porta de entrada do que foi a igreja, temos o ladeamento de duas colunas e as respetivas estátuas dos Apóstolos S. Lucas e S. João Evangelista, donde transparece a evocação da união e prece (as colunas dirigem-se para cima na vertical) como era tradição na fachada principal de hospitais e igrejas desde a Antiguidade até meados do século XX. Sobre a dita porta de entrada, encontra-se um escudo coroado em pedra.


Indica-se na legenda – Hospitais Civis de Lisboa – o nome da instituição que atualmente representa as tradições dos dois mais antigos Hospitais de Lisboa: o de Todos os Santos e o Hospital Real de S. José, e ainda o nome do país de que essa cidade é capital. A data sob o pórtico indica o ano da inauguração e transferência dos doentes do antigo Hospital Real de Todos os Santos, no Rossio - Praça da Figueira –, para o novo Hospital Real de S. José, adaptado para esse fim pelo Marquês de Pombal, do antigo edifício do Colégio de Santo Antão-o-Novo, que pertencera até então à Companhia de Jesus.

No reverso da medalha visualiza-se o seguinte:

Ao centro e como fundo, apresenta-se a efígie de D. João II, conforme tela existente no Palácio Lerma, em Toledo, Espanha. Indica-se nesta legenda o nome do hospital mais antigo de Lisboa, o do rei seu fundador e o ano em que foi iniciada a sua construção. Deu-se preferência à citação deste retrato, por ser menos conhecido e talvez mais real na sua representação fisionómica.

No dia 1 de novembro de 1755, feriado do dia de Todos-os-Santos, o terramoto que se fez sentir em Lisboa, seguido de um marmoto e incêndios, causou a destruição quase completa da cidade.

O Hospital Real de Todos os Santos, sito à época nos terrenos que correspondem à atual Praça da Figueira, foi um dos muitos edifícios que ficou completamente destruído.

O Mosteiro de São Bento, pouco afetado pelo sismo, foi nos dias seguintes local de refúgio de muitos habitantes de Lisboa e, a 28 de fevereiro de 1756, por ordem régia, os enfermos do Hospital de Todos os Santos foram transferidos para a zona do celeiro do Mosteiro de São Bento para se proceder às obras de reabilitação do hospital.

João da Silva nasceu em Lisboa, na freguesia das Mercês, a 1 de dezembro de 1880 e morreu, também em Lisboa, em 1960. Insigne escultor e medalhista foi o autor principal da medalha. Por a dita peça haver sofrido pequenas alterações, recusou, já no final da vida, assumir a plena autoria. No entanto, ficou para a História como o autor parcial da peça.

Como medalhista, João da Silva realizou obras memoráveis, tais como a primeira moeda de ouro da República, em 1916, e a medalha comemorativa do 1.º centenário do nascimento de Silva Porto, em 1950, por encomenda do Grémio dos Industriais de Ourivesaria do Norte de Portugal. Em 1952, doou à Sociedade Nacional de Belas-Artes a sua casa-atelier (hoje Casa-Museu Mestre João da Silva) construída em 1938 por Ligier/Peige, seguindo orientações suas.
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