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Primavera e Verão.
Outono e Inverno. Vista Alegre, porcelana, séc. XX, alt. 31 cm; diâm. base 9 cm, n.º inv. MAR 2032/2035.
PEÇA DO MÊS | AS QUATRO ESTAÇÕES

Esculturas em vulto pleno de porcelana não vidrada, em biscuit moldado e relevado monocromo branco, de quatro figuras femininas com base circular. Marca VA na base, a punção.

As Quatro Estações são representadas alegoricamente com recurso a divindades da mitologia romana. As deusas Flora, Ceres, Pomona e Bruma encarnam, respetivamente, a Primavera, Verão, Outono e Inverno, descalças e envergando túnicas que desnudam, mais ou menos, parcialmente a perna direita.

Flora, deusa da primavera e das flores preside à floração das árvores, associada à fertilidade e aos prazeres da vida, tinha um templo próprio em Roma, com festividades em sua honra – as Floralia – que se iniciavam no final de abril. Caraterizadas por alguma licenciosidade, nelas participavam as cortesãs. A iconografia é a de uma mulher jovem e alegre, em movimento de dança, empunhando uma grinalda de flores (já incompleta neste exemplar), que segura em ambas as mãos atrás do tronco.

Ceres, deusa da agricultura e dos cereais, possuía também templo em Roma e festividades próprias – as Cerealia. A figura de uma mulher madura, coroada de louros, representa neste conjunto iconográfico o verão, época áurea das colheitas, através do feixe de espigas que ampara com a mão direita contra a anca.


Pomona, divindade dos frutos e da abundância, proveniente da mitologia etrusca era festejada em novembro. Uma jovem, animada por forte dinamismo, ergue grande cacho de uvas com a mão esquerda e, com a mão direita, segura uma taça, em clara alusão às vindimas.

Bruma, deusa do inverno com festividades próprias – as Brumalia – em dezembro associadas ao solstício. A figura de mulher jovem enverga, além da túnica que a cobre mais, uma capa sobre a cabeça e o seu rosto revela um semblante triste, condizente com os dias frios e sombrios. As mãos prendem as vestes e a capa contra o peito, assegurando uma maior proteção contra o tempo agreste. Privada de qualquer elemento acessório iconográfico, representa a época em que os terrenos se apresentam despojados mas no subsolo permanecem as sementes que irão desabrochar na primavera.

Neste conjunto distinguem-se Flora e Pomona, Primavera e Outono, pelo dinamismo de que os corpos estão imbuídos, com torção do tronco e acentuado movimento de braços e pernas, ainda pelo delicado movimento do drapeado das vestes e pela composição pormenorizada da guirlanda de flores. Imbuídas de maior sensualidade, espelham o júbilo festivo associado aos equinócios, épocas de renascimento da natureza por um lado e, por outro, de colheita dos frutos que, em abundância, permitem enfrentar os longos dias de inverno.

As quatro estatuetas foram adquiridas em 1988 para decoração da Sala de Visitas do Presidente da Assembleia da República.
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